NÃO

Eu deitei em teus lábios acesos,

à sombra da tua carga imaginária.

Imaginei os faróis da noite,

iluminando o primor vogado

em tua pele,

em teu sorriso,

tua unha negra transparece.

Tua nua armadura, tesa, esmorece.

Arrefecida ao teu hálito virgem,

abraçando-me à morte no pânico do teu grito.

Ouço do teu ventre, este som!

Teu dom me dá prazer e é muito bom!

Sei que recolhido à cor da tua aréola.

Sob à ficção de negras nuvens, austeras!

Sei que os teus lábios

– àqueles onde buscarei os meus últimos desvãos -

retrair-se-ão ao soletrar-me:

-“NÃO”!

RODRIGO PINTO
Enviado por RODRIGO PINTO em 28/08/2007
Reeditado em 25/11/2007
Código do texto: T628262