Mulher Fantasma III

Os dias nascem e se multiplicam

Como filhos do tempo

Crescem trajando nuvens

O vento permite voo às folhas

As flores têm nome

O impossível é revoltante

A carência nunca dorme

Tudo acontece como suposto

Ainda se ama para viver

E nessa ordem não te consigo esquecer

Quem me dera atingir a minha cabeça

Com balas de amnésia

Olhar para ti quando os olhos tranco

Num tom de sã certeza

Soletrar o teu sumiço, afirmar que és passado

Uma ilusão que faz refém os desejos

De um rico coitado

De paixão e queda

Teus pedaços caem sobre

Do céu da saudade

Ainda almejo o prazer

Perco o tino

Quando além da dor de mim me vens buscar

Tiras-me o vazio da memória

Enches-me de em ti pensar

Ofereço-me à sonolência, cativo o despertar

Fecho as vistas, abro as janelas do quarto

Para o ruído entrar

Lá fora o mundo abre as portas

Aqui me quero encerrar

A única forma de evitar

Essa loucura exasperante

Não sei sobre o ti o suficiente

Para carregar esse peso

Essa paixão pálida

O querer severo de um beijo

Não me consigo desfazer

Das coisas que vivi

Contigo

No imaginário

Pois apesar de arquivar incontáveis lembranças

Desconheço-te

Mulher fantasma, a mim não compete pedir que desapareças

Porque o som da tua voz traz-te de volta às pressas, mas enfim...

Nossos desencontros parecem sina e lisonjeam a distância

Tanto que inevitavelmente vais perdendo a importância.

Widralino
Enviado por Widralino em 07/03/2018
Reeditado em 12/09/2018
Código do texto: T6272854
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