Mulher Fantasma III
Os dias nascem e se multiplicam
Como filhos do tempo
Crescem trajando nuvens
O vento permite voo às folhas
As flores têm nome
O impossível é revoltante
A carência nunca dorme
Tudo acontece como suposto
Ainda se ama para viver
E nessa ordem não te consigo esquecer
Quem me dera atingir a minha cabeça
Com balas de amnésia
Olhar para ti quando os olhos tranco
Num tom de sã certeza
Soletrar o teu sumiço, afirmar que és passado
Uma ilusão que faz refém os desejos
De um rico coitado
De paixão e queda
Teus pedaços caem sobre
Do céu da saudade
Ainda almejo o prazer
Perco o tino
Quando além da dor de mim me vens buscar
Tiras-me o vazio da memória
Enches-me de em ti pensar
Ofereço-me à sonolência, cativo o despertar
Fecho as vistas, abro as janelas do quarto
Para o ruído entrar
Lá fora o mundo abre as portas
Aqui me quero encerrar
A única forma de evitar
Essa loucura exasperante
Não sei sobre o ti o suficiente
Para carregar esse peso
Essa paixão pálida
O querer severo de um beijo
Não me consigo desfazer
Das coisas que vivi
Contigo
No imaginário
Pois apesar de arquivar incontáveis lembranças
Desconheço-te
Mulher fantasma, a mim não compete pedir que desapareças
Porque o som da tua voz traz-te de volta às pressas, mas enfim...
Nossos desencontros parecem sina e lisonjeam a distância
Tanto que inevitavelmente vais perdendo a importância.