Mulher Fantasma II
Não quero continuar a mentir para mim mesmo
A enganar minha crença
Embora meus olhos
Nada vejam além de vento
Eu sei que existes e estás aí
Onde não te posso tocar
Mas o frio das manhãs
E o canto dos passarinhos
Acompanham teu acordar
Estás aí e dormes tarde
Onde não sei quando
Hei-de te encontrar
Sim, eu te escuto
Experiencio nossas conversas
Ligo cabos de amor ao peito
Sem querer eu tento
Ajustar algumas peças
Como se com medo de te perder
Mesmo sem nunca te ter tido
Esse desejo fogoso
Que estranhamente não é bandido
Esse sonhos que me escoltam
Todas as noites
Quando durmo a pensar-te
Rejuvenescem a cada dia
Que descuidado
Fiz de ti meu baluarte
Não tenho vergonha de aceitar
Que por ti estou apaixonado
Tenho é receio de me acovardar
Dizer que não é bem assim
Não é normal gostar de alguém
Desse modo doentio
E afirmar que não existem mais intenções
Além de um aperto de mão
De um abraço, dum "olá"
"Tudo bem? Como é que a vida vai?"
O que se esconde não sei
Por detrás, então
Dessa simpatia de aço
Mulher Fantasma, amor da vida minha sem ar
Estou sempre de braços abertos
Para que me possas assombrar
E aceito a verdade, a realidade de talvez não te merecer
E ser incómodo
Trazer-te desassossego quando só queres deambular
À vontade nessa casa vazia
Que guarda meu corpo a ressonar
Paixão espirituosa, não saias do seio dos meus bens
Traga-me ao regaço, peço-lhe este favor
Diga-me o que fazer
Para não ter que mendigar o teu amor
Mostre-me o caminho da felicidade contigo
Tu és estrondo, certamente
Mas não vejo em ti perigo
Quero conhecer-te além deste véu branco
Além da tua carne
Tocar teus sentimentos
Cair no teu encanto.