Há uma noite longa pra quem se despe do silêncio
e sai, ainda sonolento e deslocado,
ainda com a respiração inocente dentro da noite em chamas
E alguém te pede macio : Escrevas
Alguém capaz de te tocar fundo por dentro :
Escrevas até o desatino dos dedos, até sangrar os sentidos,
até deixares de ouvir o som e passares a ser a música !
E penso : Por amor, escreveria até a ruína das divisas,
até as paredes sonharem horizontes,
até os lírios soltarem dos pedúnculos em pássaros na boca do vento,
até as raízes se tornarem chuva ou mar !
E esse alguém volta a dizer : Escrevas - Como a pedir o que respiro,
o que me sustenta e o que me transforma
Quando se pede tanto, pede-se a ingenuidade e também a loucura,
pede-se a vida repentina e a morte lenta
Há de se saber navegar entre o sonho e a ilusão, sem jamais descansar,
ofertando a alma como pagamento,
posto que não há paz para quem ama
Então eu subo os degraus da linguagem com a voz descalça,
acendo as estrelas da longa noite, [ incendeio profundamente ]
Deus perdoa as tantas mortes quando se sangra a alma à eternidade
Agora, nua sob o manto de estrelas, volto-me pra dentro do fogo
e nasço palavra em asa !
e sai, ainda sonolento e deslocado,
ainda com a respiração inocente dentro da noite em chamas
E alguém te pede macio : Escrevas
Alguém capaz de te tocar fundo por dentro :
Escrevas até o desatino dos dedos, até sangrar os sentidos,
até deixares de ouvir o som e passares a ser a música !
E penso : Por amor, escreveria até a ruína das divisas,
até as paredes sonharem horizontes,
até os lírios soltarem dos pedúnculos em pássaros na boca do vento,
até as raízes se tornarem chuva ou mar !
E esse alguém volta a dizer : Escrevas - Como a pedir o que respiro,
o que me sustenta e o que me transforma
Quando se pede tanto, pede-se a ingenuidade e também a loucura,
pede-se a vida repentina e a morte lenta
Há de se saber navegar entre o sonho e a ilusão, sem jamais descansar,
ofertando a alma como pagamento,
posto que não há paz para quem ama
Então eu subo os degraus da linguagem com a voz descalça,
acendo as estrelas da longa noite, [ incendeio profundamente ]
Deus perdoa as tantas mortes quando se sangra a alma à eternidade
Agora, nua sob o manto de estrelas, volto-me pra dentro do fogo
e nasço palavra em asa !
Fotografia - Jeffrey Vanhoutte