Um último adeus, um último pensar, um último suspiro
Eu jamais pensei em perder-la
E agora?
É como querer segurar água
Você deslizou pelo meus dedos
Fiquei parado, só vendo a distância machucar ainda mais
A cada passo seu, meu coração desolado, humilhado, dolorido
Isso não se faz
Um desalento se transforma em minha sombra
E vou perceber isso, só em breve
Eu sei...
Você vai sumindo por entre uma multidão
Não de pessoas
E sim de pensamentos que passeiam ali
Me dou conta que as lágrimas se jogam ao chão
Caem como mísseis em território inimigo
As cicatrizes marcam o meu rosto por cada gota
E você já não vejo mais
Olho a minha volta
Tento achar seu reflexo, ou algo que me remeta a ti
Vejo só vazio, tristeza pichadas nos muros
Vejo só cartas de amor rasgadas, poemas sujos de lodo
Vejo só o amor apático, e consigo sentir a sua febre
Ela queima, queima...
Vagueio por alamedas frias
Onde o cinza me colore
Andejo por ruas com saídas
Que me levam ao querer ficar
Fixamente vou olhando aquela paisagem empalamada
Aquela cinzenta cena que exala um desânimo
Fito para a parede descascada
E noto minha sombra sugando o pouco do que me restava
Vou derribando, amoleço
E meu último pensar vai até a causadora de tudo isso
Suspiro e tudo se apaga...