SAUDADES
Saudade? Doce melancolia
Ora matizada de cândura
Ora com o verniz da amargura
Ora de poesias, sua textura
Ora repassada em ternura
Ternura do seu olhar,
Do seu sorriso tímido,
Meigo, discreto, vital
Qual afetuosa Monalisa,
A me fitar na sala de estar
Sentir saudade, é sentir n'alma
uma doce melancolia
que me faz recordar de novo,
Que finalmente te esqueci,
Viu como eu não me lembro mais de você?
Só que ao me lembrar que te esqueci,
A melancolia, abre nos seios d’alma:
Seu leque de lâminas esvoaçantes,
Me faz fragmentos de querer-te mais
A saudade é uma doce melancolia
Tem olhos de ressaca, Capitu?
Tem alma e pele de recém-nascidos
Mas uma obstinação de ser faquir
A saudade é uma doce melancolia
Que nos engolfa em ternos abraços
De abismos insondáveis,
Que ainda não foram catalogados,
estalactites dardejantes n’alma
A saudade é uma doce melancolia
Me fez flor, sem côr
entre pastos multicoloridos, infinitos, poesias
Naquelas longas viagens sonolentas,
Pelos Campos Geraes,
De repente você passou,
me notou?
Sentir saudade, é sentir n'alma
uma doce melancolia
Lembra partida:
Atenção passageiros com destino a ...
Ultimo anuncio:
Embarque no portão M...
A saudade nos faz submergir
em doce melancolia, revolta?
Pois levastes nas suas canoas de ninfa
O sol do meu pôr-do-sol, e as liras maviosas,
entoadas, nos arpejos de seus encantos,
suas magias,
cessaram os banhos a deriva,
no seu mar de inefáveis quimeras
deixastes cadeiras vazias,
nos trapiches d’alma,
calaram-se as cotovias
fez dos sóis rosicler
pântanos sombrios
em meio a céus pálidos, descorados
debandaram meus cisnes perolados
Saudade, é sentir n’alma
uma doce melancolia...
embebida em poesia.
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