SAUDADES

Saudade? Doce melancolia

Ora matizada de cândura

Ora com o verniz da amargura

Ora de poesias, sua textura

Ora repassada em ternura

Ternura do seu olhar,

Do seu sorriso tímido,

Meigo, discreto, vital

Qual afetuosa Monalisa,

A me fitar na sala de estar

Sentir saudade, é sentir n'alma

uma doce melancolia

que me faz recordar de novo,

Que finalmente te esqueci,

Viu como eu não me lembro mais de você?

Só que ao me lembrar que te esqueci,

A melancolia, abre nos seios d’alma:

Seu leque de lâminas esvoaçantes,

Me faz fragmentos de querer-te mais

A saudade é uma doce melancolia

Tem olhos de ressaca, Capitu?

Tem alma e pele de recém-nascidos

Mas uma obstinação de ser faquir

A saudade é uma doce melancolia

Que nos engolfa em ternos abraços

De abismos insondáveis,

Que ainda não foram catalogados,

estalactites dardejantes n’alma

A saudade é uma doce melancolia

Me fez flor, sem côr

entre pastos multicoloridos, infinitos, poesias

Naquelas longas viagens sonolentas,

Pelos Campos Geraes,

De repente você passou,

me notou?

Sentir saudade, é sentir n'alma

uma doce melancolia

Lembra partida:

Atenção passageiros com destino a ...

Ultimo anuncio:

Embarque no portão M...

A saudade nos faz submergir

em doce melancolia, revolta?

Pois levastes nas suas canoas de ninfa

O sol do meu pôr-do-sol, e as liras maviosas,

entoadas, nos arpejos de seus encantos,

suas magias,

cessaram os banhos a deriva,

no seu mar de inefáveis quimeras

deixastes cadeiras vazias,

nos trapiches d’alma,

calaram-se as cotovias

fez dos sóis rosicler

pântanos sombrios

em meio a céus pálidos, descorados

debandaram meus cisnes perolados

Saudade, é sentir n’alma

uma doce melancolia...

embebida em poesia.

davicartes@gmail.com

poesiasegirassois.blogspot.com

Davi Cartes Alves
Enviado por Davi Cartes Alves em 28/08/2007
Reeditado em 25/09/2007
Código do texto: T627085
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