INCÓLUME

E agora estou aqui, como sol que rompe a noite,

A estrada não era uma linha reta como esperei,

Suas curvas transformavam os passos em uma longa caminhada,

E o ponto de partida perdia de vista a minha chegada.

E agora estou aqui, como a lua cheia desentenebrece a madrugada,

O rio não mantinha sua superfície lisa para flutuarmos de olhos fechados,

O vento soprava levantando marolas, a água açoitava a face,

Em seu percurso haviam pedras, mesmo assim o rio não parava.

Vim de um lugar que transformou o agora,

Reinventei os sonhos e a forma em que o caminho eu contemplava,

Mas a essência permaneceu incólume,

Flor pisoteada que perdeu suas pétalas e em outra primavera guardou o mesmo perfume.

Eu acredito na pele sobre as coisas da dor,

Coisas que outrora até a alma aprendeu,

Sobretudo, acredito no sonho,

Aquele que o tempo sufocou, mas por ti renasceu.

Eu tive mil motivos para desistir,

Mas bastou um para continuar,

E eu que por vezes me senti perdido,

Pude o caminho reencontrar.

E agora estou aqui, como o sol que rompe a noite,

Como a lua cheia desentenebrece a madrugada,

Mais próximo do meu novo destino,

Que se apropinqua agora, de mão dadas a ti, em minha caminhada.