Devaneio

Acordo atônito...

Defrontei-me com aqueles vestígios de um empoeirado amor

Um passado que corta o meu presente

Encarei-o com tristeza sem pudor

A saudade esmagou-me, bateu forte em minh'alma

A expressão de que tudo estava a desmoronar

Fixou em meu rosto, algumas gotas se criaram nos olhos

Aos poucos a chuva de dor arriou

A lembrança brota como uma rosa com espinhos

A começar pela beleza, recordações singelas

A terminar por fincar, ocasionar um vultoso sofrer

O meu céu está a derruir

A manhã desbotada, pálida, e eu ainda pensando nela

A tarde nublada, acromática, e eu ainda chorando por ela

A noite fria, sem companhia, e eu coberto de aflição...

As cartas, fotos, a sua roupa, o seu aroma...

Entrego-me a voltar no tempo

Penso, repenso, dou lugar a um enorme sofrimento

A brevidade desse sentimento torna-se imutável

Finca-me a vontade de voltar atrás

De querer você de volta...

Mas o confim da razão nasce

Retira-me desses devaneios insípidos

Levanto-me em meio a sobejos de um amor

Que de fato só existira em uma semota utopia...

Felippe Lacerda
Enviado por Felippe Lacerda em 24/02/2018
Reeditado em 24/02/2018
Código do texto: T6262701
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