Devaneio
Acordo atônito...
Defrontei-me com aqueles vestígios de um empoeirado amor
Um passado que corta o meu presente
Encarei-o com tristeza sem pudor
A saudade esmagou-me, bateu forte em minh'alma
A expressão de que tudo estava a desmoronar
Fixou em meu rosto, algumas gotas se criaram nos olhos
Aos poucos a chuva de dor arriou
A lembrança brota como uma rosa com espinhos
A começar pela beleza, recordações singelas
A terminar por fincar, ocasionar um vultoso sofrer
O meu céu está a derruir
A manhã desbotada, pálida, e eu ainda pensando nela
A tarde nublada, acromática, e eu ainda chorando por ela
A noite fria, sem companhia, e eu coberto de aflição...
As cartas, fotos, a sua roupa, o seu aroma...
Entrego-me a voltar no tempo
Penso, repenso, dou lugar a um enorme sofrimento
A brevidade desse sentimento torna-se imutável
Finca-me a vontade de voltar atrás
De querer você de volta...
Mas o confim da razão nasce
Retira-me desses devaneios insípidos
Levanto-me em meio a sobejos de um amor
Que de fato só existira em uma semota utopia...