Eu sou o amor
Sou paixão que aperta
Mas não existe
Eu sou o amor
O sentimento do qual fugiste
Por detrás da raiva há dor
Por detrás desta escondo-me eu
E tu me queres matar
Mas o amor jamais morreu
Mesmo quando o coração
Enche-se de ódio e vontade de vingança
Ainda existo
Existo mesmo que o mundo me maltrate
Ainda que a língua dos anjos vos baste
Nada sois sem mim
Eu sou o amor
A loucura que te obriga
À sanidade
O casulo intangível que te abriga
Quando os braços do teu próximo
Mostram-se cerrados de pirraça
E a revolta planeia ir à caça
Eu te abraço
Ali mesmo onde não me vês
Tu me sentes e eu me deixo
Iluminar o bem que és
Eu sou o amor sem escalão
Sem raça, sem idade, sem ilusão
Sou o amor com responsabilidade
Sou baldio
Pobre
Porém dinheiro
Não me atrai
Sou mesquinho
Mas nobre
Grandeza
De mim sai
Sou o amor que se respira
Vive-se e sente
Sem ti sentir
Que falta algo de repente
Sou o amor que habita em nós
Quando a desolação nos isola
E não tem graça existir
Queremos ir-nos embora
Sou teu abraço e teu braço
Que braço a braço te cobre
No frio das febres, por mais que cobertor sobre
Sobretudo de propósito
Abraço-te abertamente
Com a mente aberta e voluntária, eu sou um amor incógnito.