Travessia
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Fiz a travessia do deserto, ao teu lado…
…Mas eu abria os olhos, grandes, no escuro
E via por ti, e por mim…
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Havia os empecilhos consabidos –
Rochas, calhaus, piteiras, cardos, serpentes… caminhos
de cabras, que seguíamos às apalpadelas…
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E arranhavam
E feriam…
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…mas sentia que te dava a mão, e te ajudava, e
pensava que seguíamos juntos pelo mesmo
trilho
…E tu rias! Rias,
gargalhavas,
quando eu, dorida, me queixava
.
Agora, só tenho sono –
E sei
que atravessei sozinha o teu deserto
E que a solidão era
só minha
.
© Myriam Jubilot de Carvalho, 1989