Capricho do Cio
Aprendi a ser teu
unicamente
sem rompantes de culpa.
E de outras coisas me apercebi
para entender melhor a mudança:
tal como ouvir os guizos do silêncio
no prenúncio das manhãs
ou arremedar o orgasmo noturno
embalado na cadência das marés.
Sentir a ogiva do teu corpo
esparso na embriaguez do beijo anunciado
sensível aos arrepios das gramíneas
a violar o segredo da tua carne
insinuante e incendiada
ao capricho do cio que emana dos teus poros.
Nativo da tua chama
ensaio a dança que une o ventre
serpeia tuas curvas luzidias
e cinge meu santuário de espasmos
onírico e tão real
qual a luz bruxuleante
que beija a face da lua.