DOIS PONTOS DISTANTES
Quando dois pontos distantes não se aproximam,
E no limite dos sonhos a dor de não encontrar a realidade,
E os altos olham para baixo sem perceber os detalhes do caminho,
E os baixos olham para cima imaginando que as nuvens são como algodão.
Quando a chuva lá fora não cessa de cair,
E a casa se transforma em prisão de portas abertas,
E os que se molham na chuva sentem frio,
E os secos querem se molhar para sentir um minuto de liberdade.
O mundo deixa o coração enfermo em suas extremidades,
Porque é no meio do rio que se pode navegar sem os açoites das rochas,
E na tranquilidade as flores da margem parecem acenar,
Com quem diz bem-vindo ao novo dia.
É assim quando não estamos preparados,
E o coração meio verão, meio inverno, queima e congela,
Que as extremidades se aproximam do meio,
E o céu se une a terra formando o elo em um beijo que jamais esquecemos.
E sem explicação sua guerra vira paz,
E aquela mão segurando a sua te faz desaprender o que é solidão,
De repente todos os sonhos do mundo parecem realidade,
E se apresentam a uma batida de distância do seu coração.
Porque não se pode beijar,
Porque não se pode abraçar,
Porque não se pode sonhar e realizar,
Porque não se pode amar sozinho.
Quando dois pontos distantes se aproximam,
A linha reta sem vida se transforma em laço,
E as antigas feridas liberam a flor,
Para que de ali em diante se possa amar.