O ancião
Olhar frio
Endurecido
Casca de um fruto
Muito macio
Lá vai um ancião
Levando o seu violão
Canta nas noites
Enluaradas
Canta a mulher amada
Quem vê o homem
Que ele é
Não conhece as coisas
Que ele ainda quer
Mas se ele canta na madrugada
Com sua voz tão afinada
Aos poucos é dissipada
A imagem equivocada
Se foi o tempo que o forjou
Su'alma é como a fina flor
Só quem deveras saberia
A sua musa, uma mulher fria...
Cantada em prosa e versos
A mulher de olhos perversos
Jamais correspondeu aos
Seus anseios
Mas ria-se dos seus galanteios
Atirando suas flores ao chão
Pétalas esmaecidas em vão
Que ele catava e transformava
Sempre numa bela canção.
Cláudia Machado
11/2/18