Do tempo
fale-me das horas.
não daquelas agora
perdidas
embrulhadas com dúvidas
nas bagagens do amanhã.
fale-me das certezas
para guardar a vida
inteira.
quando abrir a boca
não fique onde estás.
fale-me das horas
do orvalho nas folhas
mortas
e das águas
que um dia
foram chuva
nos meus
dedos.
ilude a flor
à margem
do rio.
não fale agora
o que me aflige
e cansa.
fale-me do amor
mesmo que a rima
apareça distante.
diga-me palavras
mergulhadas
no silêncio.