Clarissa e Heitor

De sua mocidade era a alegria

E a felicidade surgia ao vê-la,

Em seu coração, então apaixonado

Pois dos dias turvos ela era a estrela

A brilhar num céu repleto de sonhos

Como uma luz que ilumina o caminho

Foi a ele a Providência tão favorável

Ela era o encanto, a certeza, o fascínio

O céu claro lembrava os olhos dela

O crepúsculo, a luz de seu sorriso

A brisa, a maciez de suas mãos

E o véu da noite, seus cabelos lisos

Belas músicas embalavam os dias

Os quais resplandeciam em vivas cores

E a inocência de viver exalava

Qual fragrância das mais sublimes flores

Em sua régia e inocente atmosfera

A doce menina transcendental

Transportava o jovem da Terra a um céu

De um terreno sonho a um celestial

Aos seus medos, ela foi coragem

À sua fraqueza, ela foi poder

À sua dúvida, ela foi certeza

Ela foi tudo o que ele não quis ser

A tarde nublada, ela a clareava

Pois sua presença era a inspiração

A imagem de Clarissa era um poema

Que hoje Heitor só a contempla em visão

Porque as lembranças felizes de outrora

O triste presente as rememorou,

Contudo, o céu e a Terra testemunham

Que, a ausência dela, a vida eternizou

Não há mais encanto, música e luz

Não há mais cores, sonhos e alegria

Não há mais flores e a pura inocência

Não há mais vida nem mais poesia

Ingratidão fez dele um escravo livre

Insensatez destruiu o que era bom

Cegueira o levou à beira da morte

E a sandice deu-lhe a vida outro tom

Tarde demais Heitor reconheceu o erro

Tarde demais seus olhos se abriram

Não era mais Clarissa a sua rainha

A primazia e o cetro se partiram

Ela se foi, porém, plantou a esperança

Qual semente num infértil coração

Quando nele germinou ele entendeu

Que ela a regara com amor e perdão

Como Heitor queria vê-la outra vez

E confessar-lhe toda a sua culpa

Mas suas lágrimas não a trazem mais

Nem mais seus gritos ela os escuta

Se aquele tempo pudesse voltar

E desse a Heitor outra oportunidade ...

E se a venda que lhe encobriu a visão,

Removida, mostrasse-lhe a verdade ...

Mas Clarissa talvez nunca mais volte

Todas as noites Heitor sonha com ela

Onde anda aquela que um dia foi tudo?

Que foi levada em meio a uma procela?

Quem ama, portanto, proclame que ama hoje

Quem quer bem, não perca essa linda chance

Quem é amado, não ame a ingratidão

Quem vive, faça o bem a todos ao alcance.

Érison Martins
Enviado por Érison Martins em 07/02/2018
Reeditado em 20/02/2018
Código do texto: T6247600
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