Asas nubladas

A tarde despede-se,

Cristalizam-se os versos

De um poema de amor pincelado

Nos contornos das asas nubladas

Da borboletinha branca,

Que ainda, insiste em voar,

Enquanto na varanda,

A gota d’água desaparece

Na trinca do azulejo azul,

Sinto a lágrima fluir, alongar-se

Densa, carregando

Na saudade contida,

A lembrança do teu rosto,

Da tua voz,

Quase, imobilizando

Os ponteiros do relógio,

Milimetricamente

Repletos de solidão...