Tecendo Fios
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Tecendo Fios
Desde os gregos
que o labirinto se desvenda nos tecidos.
Há nos fios segredos e desejos
– Imponderáveis desvarios.
O labirinto das tuas curvas
extasiaria Dédalo e seria, certamente,
o mostruário e o ideal protótipo de Minos.
Nada de metades – És plena!
Metade deusa.
A outra metade, também.
Na tua arquitetura há traços de Zeus;
há espaços para o mito, a magia, a fascinação.
Prevalecem, entretanto e incólumes,
as irretocáveis marcas de Deus.
Voaria em teus tecidos,
ao sabor do Sol de Ícaro.
Mas não derreteria por voar tão alto,
pois, à sombra da tua beleza,
até os astros arrefecem o furor do enlevo.
Teseu não teceu os fios de Ariadne.
Ele, simplesmente, matou o monstro!
E retornou, conduzido pelo fio do novelo...
Eu, entretanto, usaria velas brancas
ao navegar nas ondas do teu corpo
– A melhor amazonas que já amei.
Nijair Araújo Pinto
Crato-CE, 5 de fevereiro de 2018.
00h03min
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