Amar é cultivar o sonho de envelhecer junto
Amar é catar as frestas pra não deixar o vento entrar,
é sorrir pra dentro com todas flâmulas da alma tremulando,
é ficar sempre de prontidão esperando o inimigo atacar.
Amar é entender que somos criaturas nada iguais,
que o sangue de cada um corre de um de jeito,
pensa de um jeito, se entrelaça de um jeito,
e que, mesmo assim, podemos ir em frente juntos,
ou recuar sempre que preciso for.
Amar é cuidar de quem estiver ao lado com carinho,
mesmo quando todas vontades e certezas do mundo
estiverem berrando pra cair fora.
Amar é perceber até aonde vão seus domínios
e ser capaz de respeitar as fronteiras sem ressalvas,
nem quaisquer desculpas ou dissimulações.
Amar é ter a grandeza para entender
que são as pequenas coisas, as mais minúsculas mesmo,
que darão sustentação aos passos, aos gestos
e, sobretudo, ao que está por trás de cada passo,
e cada gesto.
Amar é cultivar o sonho de envelhecer junto,
é ir se despedindo da vida junto,
é ir colhendo cada grão plantado junto,
seja ele qual for,
seja ele aonde for,
seja ele quando for.
Dedicada à minha querida esposa de 21 anos, Quézia.
(essa poesia foi escrita em 2012).