"Um Homem Dividido" = Poesia de Amor=

Já fui, no passado, um homem dividido
Em casa o amor legalizado e bem aceito
Fora, e bem distante, um amor proibido
E de resolver tal situação não havia jeito

Em casa encontrava carinho e atenção
Com a outra encontrava a cumplicidade
No recesso do lar, amava, e com devoção
Com a outra, casada, era só lubricidade

Naquele passado distante, já esquecido
Achava que vivia no melhor dos mundos
Satisfazendo-me com um fruto proibido
Saindo e entrando pela porta dos fundos

Até que um dia vi minha cara no espelho
Vi meu jeito de homem sincero, decente
Incapaz de mentir. Fiquei bem vermelho
Falso, safado, hipócrita. Um decadente

Tomei a resolução de ser um marido fiel
Tentaria perdoar os meus erros passados
Oferecer à minha querida uma lua-de-mel
Que ela perdoasse também meus pecados

Chamei minha amante para séria conversa
Expus a ela todas as minhas muitas razões
Ela não aceita. Discute. Briga. Tergiversa
Diz que estamos sendo apenas bobalhões

Exaltado, perguntei, então, o que ela faria
Ela me respondeu, calma, pra espanto meu
Que para seu marido todo jogo ela abriria
E que o mesmo faria à esposa, se fosse eu

Com a minha esposa conversei calmamente
Expliquei com vagar tudo o que se passava
Ela me olhava sem nada dizer. De repente
Disse simplesmente que não mais me amava

Que grande, que tremendo o alívio que senti
Eu não queria de maneira alguma magoá-la
Peguei minhas malas, joguei no carro, parti
Minha amante? Nada sei. Evito encontrá-la.


               FICCIONAL. NÃO AUTOBIOGRÁFICO
                                     
Fernando Brandi
Enviado por Fernando Brandi em 26/08/2007
Reeditado em 26/08/2007
Código do texto: T624007
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