Dance no escuro

Dance no escuro comigo, meu bem.

A escuridão aguça o sentido

que mais revela nossas verdades.

Tateio por sobre tua pele e encontro esse coração

que conta baixinho ao meu ouvido:

- Gosto de sentir tua presença em minha vida, meu amor.

Desejo-te todos os dias, a toda hora, a todo instante...

As tramas do tempo te trouxeram. Trazias um buquê de rosas.

Despetalaste uma a uma, para que sobre elas eu dançasse com os pés descalços.

Maceradas, presentearam-nos com seu perfume que nos tomou as narinas.

Dance no escuro comigo, meu bem.

Fora de nós, nada acontece...

Até o mar pediu ao vento uma trégua

e nos brindou com murmúrios dos segredos

que dançam na superfície das águas,

num balé síncrono com nossos corpos que se enlaçam...

Na areia quente da praia, a noite conspira para que nos amemos

de todas as formas que planejamos, entre risos e ais, beijos e carícias...

Dance no escuro comigo, meu bem.

Encosto o rosto no teu peito.

Aqui agora, só paz...

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Interação com o poeta Fernando A. Freire. Obrigada pelo presente!

Dançar no escuro, eu sei. Posso dar um passo errado, mas somente tu perceberás que errei. Mesmo desajeitado, tentarei. Errei outra vez. Mudarei o tom, curtiremos só o nosso som, quem sabe, livrar-me-ei dessa vã estupidez. Acertei. Uma dança que nos deixou livres também de parte de nossas vestes. Prova disto é todo o meu peito descoberto, lambuzado de teu batom. Aquele batonzinho que comprei com o pouco dinheiro que ontem me deste... De repente, inesperadamente, não sei por que, teu ciúme se viu iluminado por um vaga-lume. Ah, sossega ! Essa luzinha intermitente veio somente embriagar-se com esse teu perfume brega. Mas, foi por causa dela que descobri que estou enfim liberado. Quero dizer: posso olhar pra qualquer lado desse nosso pequeno planeta desabitado, não iluminado. Não mais te enciumarás. Todavia, dispensando aquela fragrância que a única pequena luz atraía, posso agora embriagar-me com a mistura de nossos naturais perfumes, exalados de nossos corpos suados. Tranquiliza-te, entretanto, pois que ainda que embriagado, permaneceremos abraçados, por certo, temendo sofrer novamente quando distantes um do outro. Aí é quando ouvirei o teu coração e teu ressonar. Antes que tornes, quero também sonhar e adentrar no teu sonho, como uma nuvem pequenina, suave, leve e calma. Somente a brisa a esquentar nossas almas, nossos corpos, nosso colchão. Sim. É que dormiremos no escurinho deste chão, peles nuas, feito meninos de rua.

Lyzzi
Enviado por Lyzzi em 24/01/2018
Reeditado em 03/02/2018
Código do texto: T6235508
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