O Amor numa Eterna Viagem

Este poema será publicado na Antologia Sem Fronteiras volume 3, 2018,
contemplada com menção honrosa.

Acordos,
compromissos à revelia, enlaces de vidas: alianças agendadas traçavam destinos
de príncipes e princesas, reis e rainhas.
O amor confinado às alcovas sombrias!
Traições em família, desafetos reais ou conjugais sem culpas residuais.
Sensível fatalidade no correr dos trezentos, um amor imprevisto.
Pedro príncipe,
Inês e Constança, princesa e aia em comitiva.
Famílias.
Na boca do povo, filhos de lá, filhos de cá,
Inês no convento.
Alimentava-se das cartas de Pedro transportadas em barquinhos de lágrimas.
Santa Clara testemunhava este amor.
Morre Constança, desgosto, diziam.
Pedro viúvo, amor consentido.
Sorriam.
Ah, o tempo!
Encarregou-se do crescimento dos filhos.
Os de lá e de cá (estes, bastardos). Sucessão em causa, faca,
Inês é morta!
Morte em vida que vivia em Pedro.
Exagero? Cadáver rainha aos súditos proclamada.
Túmulos que se atraem em transes de eternidade.
Alcobaça por testemunha.
Pedro e Inês, amor que ultrapassou as desilusões!

Rogoldoni
15 04 2017

 
Rosângela de Souza Goldoni
Enviado por Rosângela de Souza Goldoni em 24/01/2018
Código do texto: T6234653
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