Migrante do amor

Pela manhã acordava, tomava o café e ia para o campo,

No pasto o gado parecia-me tristonho, o brilho do sol

Inspirava-me sonho de viver numa cidade de telhado

Transparente, sem paredes, mas de piso doirado,

Onde o amor fosse a meta de toda sua gente.

À tardinha, eu ainda na parte mais alta do campo

Delirava com brilho do sol poente, devagar a noite caia

Eu sentia a solidão me transportar para outro horizonte

Com saudade do antes, mas para um futuro melhor.

Cansado da labuta, voltava para casa, ligava o rádio

Confeccionado em madeira com frente doirada

Abria a janela e via os pirilampos piscando suas lanternas

Eterna era à vontade de ver um dia meu sonho consolidado.

De súbito embarquei nas asas do tempo e numa cidade

Cheguei, amei a rodoviária de paredes brancas, de luz

Fosforescente e negro piso, talvez granizo de minha

Existência quebrada em mil esperanças, eterna ilusão.

Pobre verso, a cidade com a qual sonhei é o inverso

De tudo que idealizei, mas sou feliz, vivo a razão

E a emoção, amo e sou amado, porque assim me aceitei.

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 25/08/2007
Reeditado em 25/08/2007
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