Sintomas
O que está me levando o sono
E me devolvendo depois
Para que eu durma doze horas seguidas?
O que faz meus cabelos caírem
Faz meus fios ficarem brancos
E roer minhas unhas compridas?
O que faz eu comer apenas
Uma ou duas vezes ao dia
E acordar apenas após o meio-dia?
Eu acordo como se estivesse
Inundada por uma música suave
Muito profunda e muito comprida.
E fico em um estado meio de vigília
Meio acordada, meio entorpecida
Meio viva, meio consciente, meio sensitiva.
E agora escrevo poemas
Como quem conversa consigo mesma
Por isso não lembro deles no outro dia.
O que faz com que o meu corpo
Fique bagunçado, sem se conhecer
Sem saber do que precisa?
O que faz a minha mente
Pensar em matar o meu corpo
Mas não se permitir ao ler a Bíblia?
O que faz o meu coração
Bater errado tantas vezes
Em tantas noites, estando eu sozinha?
Esses dias, estou mais em contato comigo
Por isso essa dor, essa confusão
Onde eu achava que não havia.
De onde vem essa vontade de não existir?
E a força de desistir de nisso pensar?
Sou levada por forças que não entendo...
Mas procuro guias que me ensinem a andar
Para que acaso sozinha eu precise estar
Conhecer os perigos que enfrento.
Amanhã não me lembrarei desta poesia
Assim como sinto alegria depois da melancolia
Tudo muda tão rápido; o cheio em mim se esvazia.
Talvez eu ainda mereça mais alguns dias
Por isso vou me livrar de toda a fantasia
De viver na imaginação tudo aquilo que eu gostaria.