Tempo de Amar
Houve um tempo
em que a paixão
levava enamorados
à sombra do caramanchão,
na praça junto ao rio, onde,
sentados em um singelo banco,
davam-se as mãos, trocavam
carícias e lascivos beijos.
A tarde quente passava
desapercebida, bem como
o vento, a rolar folhas e
flores pelo chão,
em enredado balé.
Nem o cheiro da pipoca
quente ou os passantes
eram capazes de distrair,
roubar a atenção dos
amantes em suas eternas
juras de amor.
O tempo passou, o rio
isolado por muro,
desfez-se o caramanchão,
quebrou-se o banco,
foi-se o encanto...
Já não importa.
Talvez vivam somente
na lembrança de poucos,
mas não faz diferença;
são apenas bucólicas
saudades de um tempo
que não mais voltará.
Contudo, o amor não
morrerá; muda o cenário,
a forma de amar,
a expressão dos desejos,
a efetivação dos desejos,
mas o amor não morrerá.
O amor reinventa-se
a cada nova geração
e talvez, daqui um tempo,
lhes caiba escrever sobre
as saudades do seu
tempo de amar...