"Fotografia"
“Tenho guardada uma "Rosa"
Roubada que não conheci,
Sangrei quando ao vidro parti,
Jamais havia visto tão umbrosa!
Bastou-me uma noite de febre,
Quebrei o vidro antigo com as mãos,
Sei, não é coisa dos ditos "sãos".
Mas ouço se minh´alma pede.
Guardada em minha pasta,
Mantenho-a cálida e amada,
Tamanha beleza roubada,
Porquê da vida que passa.
E na foto envelhecida,
Quantos sonhos deixei?
É certo que nunca amei,
Moça, da foto roubada...
Nunca nos conhecemos,
Tinhas vinte, treze eu,
De criança era o sonho meu,
Mas quantos sonhos perdemos?
Sua vida ceifada,
Mas na foto desbotada, toda a vida encontrei!
Em seu escuro batom,
Um sorriso "sem graça".
Como quem observa o que passa,
Ouvindo no salão cada Som.
Estava em porta-retratos desprotegida à contragosto.
O filme fora muito exposto,
Empalideceu seu rosto,
Mas não a cor do batom.
Muito orei a "conversar" com ela,
Maysa! Que nome belo!
Mas é em seu olhar que velo,
O quanto eras vivaz e bela.
Não te deixaria ali, fotografia e uma vela.
Se partiste assim tão cedo,
Por que teria eu, medo,
De descer contigo a lacela?
Então tornou-se amiga minha,
Amor que talvez nem fosse.
Mas quanto queria eu, um beijo doce,
da moça da fotografia!
Dei-lhe um soneto e um cartão.
Para fazer-lhe companhia...
Hoje, somente minh´alma te vigia.
Com o olhar do coração.
Planos fiz, em dias à sós...
Teríamos diferença de idade,
Sete anos na verdade,
E o abismo entre nós.
Já que no mundo, ainda respiro...
Não posso juntar-me a tí.
Presença que sempre senti
Proibida ao que aspiro...
Em meio aos tumultos da corrida,
Imagino consciente,
Apenas abraçar seu corpo quente,
Hoje lacrado e sem vida.
(12/04/2011)