"Dançarina de Boleros"
“De onde veio linda dançarina”?
De Buenos Aires, Mendonza, Talvez?
Dama-da-noite a bailar,
Boleros da mãe Argentina!
Carmim nos lábios por sina,
Saudades de ver-te a rodar!
Nas praças, nas Luzes bailar...
Sorrir com olhar de menina.
Vestes preto... O Bolero exige?
Dancemos! É "Perfídia" à tocar!
"Mujer, se puedes tu com Dios ablar...”
Lembra-O da dor que me aflige.
Olhes tu, para o vazio salão...
Segurei firme mão tua,
Tuas Luvas negras de renda crua,
Pedira Cizano, eu, Bourbon.
Dancemos! Dancemos! Viva "Perón"!
Quantos casais no salão a olhar.
Tão leve, vem o inverno calar,
Amiga minha, esta noite, me leve!
Rodopiamos pelo salão elegante...
Marcou-me o colarinho de carmim.
Eu, marquei-lhe ou não, a memória?
A dança lenta, o respirar ofegante...
Valeu-me estar, valeu-lhe o risco?
Vibrante menina bonita,
Quando partimos no "Carro de Aluguel”
Rumo à "Praça do Obelisco"?
Penso agora nas luzes frias.
O lascivo som dos Acordeons,
Gozemos! Vibre e dance com o som!
Pois sei que dir-te-ei Adeus com os dias...
Jogou de Impulso o grosso casaco
Na calçada da "Praça Memorial".
A mais bela, vibrante, surreal...
De negro, a tirar os sapatos.
"Olhar de Floresta" a fitar-me,
Saltitas, olha para mim!
Tenho uma "Leica" na bolsa, registro sim!
Cada momento a Amar-me...
Estranhos Boêmios somos nós a bailar,
Somente o Gaiteiro e nós.
Ria alto! Adoro, pois tua voz!
Perco assim a distância do Lar.
Como leve teu peso na dança!
Sobre o piso de Carrara.
Se aos pés do "Obelisco" me amara
Amiga minha, criança...
Tirar-lhe o carmim dos lábios teus,
Mas não seria, do Bolero, dançarina!
Boca e lenço vermelhos, malina!
Sonho dos dias meus.
Pois beije-me e digamos logo o Adeus...
Adeus não! Eu não posso prever!
"Solo sei que vi llover",
Tua Mão nos dedos meus...
Dançarina de Boleros,
Como tua Buenos Aires é linda!
Mas em muito breve, meu tempo finda.
Então beija-me... É o que quero!
Mas sei que vives em mim,
A Fotografia, que Não jaz desbotada.
O Batom de teus lábios, a renda crua cortada,
Acordar de um sonho sem fim.
Veremos-nos sim em breve, meu peito que se partiu,
Nos encontraremos... Esta atenta?
Em algum lugar dos anos quarenta,
A noite que para nós, nunca existiu...”.
("Dançarina de Boleros" 10/Out/2016)