MEUS AMARGOS PEDAÇOS
Seria tão bom acompanhar o entardecer
sem lembranças de outras épocas,
ver o sol dando seu último adeus a
terra e depois, adormecer.
Seria tão bom se as nuvens negras da
nostalgia deixasse de envolver meu ser como
sempre envolveu, e depois não fizesse mais
desfilar diante de mim o que não desejo lembrar.
Estaria livre do sufoco imposto por afiados desejos
de um carrasco de má índole e que recalcitra em
maltratar se não fosse assim os meus bons sonhos
voltariam e neles alguém que sempre amei.
Pouco provável seria esquecer-se de um
passado embora envelhecido, sem viço
ou deixar de ser um comprovado joguete
igual à andorinha que é um joguete do vento.
É difícil continuar assim com olhos encharcados,
com um vazio ao meu lado muitas vezes ferindo
meu coração igual ao barco em velocidade
divide as ondas do mar...
Que bom seria se pudesse esconder meus
fragmentos na acolhedora maciez do nada,
ou quem sabe transformá-los apenas em um
só pedaço na esperança que as ondas do mar lavassem minha alma.