Boca Negra

A lua espia da rua a casa de

fachada vermelha, onde na

porta lê-se "Boca Negra"

entre sem bater

sinta o prazer.

Estranha o movimento que

cessou, contrariando o entra

e sai de toda noite, que lhe

é tão peculiar.

Tenta ver pela fresta que não

resta a luz brilhante, o som

rimado que teima em silêncio.

Preocupada vê a moça da saia

justa curta, salto alto, blusa

branca, que chega à porta e

deposita flores.

Buquê de rosas negras e

singelo cartão que expressa

"eterna saudade - Boca Negra".

Levanta-se e caminha, ainda

olha para trás, pensa "aqui a

alegria já não mora" e passo

a passo afasta-se, já que esta

noite não vai trabalhar; o bar

fechou, Boca Negra, o poeta,

morreu...

A garçonete está desempregada,

a poesia órfã e a lua, muito triste,

vai dormir sem seu poeta amor...

fabio fernandes
Enviado por fabio fernandes em 13/01/2018
Código do texto: T6224702
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