VEROSSÍMIL

VEROSSÍMIL

De teus olhos, quero apenas o beijo;
De tua boca, quero apenas a textura da pele,
refrescada ao suor do seu cheiro;
Do teu tato, quero o sonho,
(o imaginário é que vale a pena)
De teu corpo, de fato, não quero contato,
quero somente o desejo insano de pensar
naquilo qu' então se possa fazer;
Isso me apraz... a um segundo, fugaz. 

Enconsto-me assim quieto na cabeceiro do meu assento, 
persisto n'algo que é vago, e sinto.
Sinto o que eu não sei dizer o que é qu'eu sinto. 
Tomo num cálice o teu sangue azul...
morno & impuro, 
como o mais claro cinza do céu d'outono.  

Sei que tudo que te digo é imprestável, ao léu. 
Mas não minto. 
Me vejo em apuros...
e tudo murcha diante do meu pensamento. 
Aos préstimos seus, tiro o chapéu.
Coisas de momento...

Porisso, que ao encargo do balanço,
(perdas & ganhos)
não recuo, avanço, 
quero de nós mais do que o improvável.
Oxalá o impossível;
quero o que pra mim possa ser,
o que pra ti seja o ter,
     - alferes do contra -
     - sentença a favor -
do amor que nos seja - remidos pecados, 
o verossímil.

(fim)

 
Poema subsequente-subliminar:
 
Vai, 
voe(a), 
viaje(a), 
vige, 
vença, 
vingue,
vive(a),
vigora-te,
valha-te, 
venture(a)-se
e vença,
visto que nada será em vão. 
Vai,
voe(a)...
e volta (?!)