NAUFRÁGIO
Quando coloquei meu coração nos braços de uma
mulher foi de uma forma profunda sem restrição,
foi sem resistência sem ressalva e por inteiro,
certo que não havia erro ou defeito.
Foi assim que passei a viver em uma embarcação
que se apresentava livre de riscos, e que nada faria
naufragar sobre os efeitos de qualquer onda mesmo
que o mar se apresentasse revolto.
O tempo passou se for contar não sei afirmar quantas primaveras desabrocharam e nem sei quanta precipitação de chuva houve nos meses de julho, sei que passei a sentir que a maré vazava fazendo
ficar com medo...
Foi a partir daí que soube que nosso barco antes tão
decantado navegava sem bússola nem carta náutica,
o combustível existente foi apenas aquele que serviu
para impulsionar a máquina motriz das mentiras...
E o nosso barco soçobrou e o mar furioso passou
a exibir os fragmentos de nosso afeto todo ele berrando por um salvamento, junto alguns beijos, abraços excitados promessas e palavras sem sentido imergindo para o abismo...