AMOR DE SUORES MADUROS
Descobri uma face do amor que nunca tinha tocado,
nem de longe, nem de sonho.
É o amor de espera, aquele que fica em banho-maria
num longo resguardo, longo mesmo.
Amor paciente, sem sobressaltos nem grandes escaladas
pela frente.
Seus tentáculos são mansos, calados, sem aquela sofreguidão
dos amantes incandescentes,
sem lábios em ereção como outrora sempre estiveram.
Amor mais tênue, opaco diria, com cheiros leves,
passos sem pressa.
Neste amor respingo meus suores já maduros,
minhas pegadas não tão profundas,
meus silêncios agora mais eternos,
mais ternos.
Amor desarmado, sem grandes sustos,
nem grandes descobertas,
nem grandes tombos.
Amor de maré mansa, onde os desejos,
nos tempos idos tão aguçados,
agora são leves brisas, inofensivas brisas.
É neste amor que ancoro meus dias,
até o fim deles, de todos eles.
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