A poesia morreu?
A POESIA MORREU?
Será que o amor deu lugar à paixão,
O sentimento à embriaguês dos sentidos,
O carinho e ternura à luxúria
E o espírito cedeu ante a matéria?
E o romance? Foi substituído pelo sexo,
O recato pela desfaçatez,
A elegância pela grosseria gratuita
Que vulgariza e nos torna descartáveis?
O que foi feito da boa poesia,
Do bom verso, prosa e música,
Que eram sempre fonte de cultura
E que hoje quase não se vê?
O que foi feito dos leitores de outrora
Que se gabavam dos autores e livros
Que liam e reliam, avidamente,
E agora só lêem pornografia?
Camões, Assis, Alencar e Pessoa
Estremecem de dor em suas tumbas,
Sem entender que já não se saiba amar,
Ao menos na poesia por eles deixada.
Faltam autores de boa qualidade,
Obras seletas e de grande valor?
Ou sobram almas frias e vazias
A quem nada empolga e agrada?
Para que então escrever?
Por que bibliotecas e tantos livros,
Se tão poucos sabem seu sabor,
Ou se dar conta do que foi escrito?
Talvez, somente talvez,
Porque o amor é eterno
E vai sempre renascer,
Ainda que em poucos corações.
E sendo a alma do amor, a poesia,
Será eterna e fonte de luz
Para os enamorados que vivem a magia
De se encontrar num mundo de encantamento.