O AMOR QUE NÃO SE TEM
E a tarde vem chegando de mansinho, agora então
eu não sei mais o que faço se continuo andando como um
robô mecânico ou se apenas choro por pressentir
a marca de uma nova dor.
Esbravejar não adianta e nem enfurecer em abafados
rancores se minha alma manifesta o desejo de agir
de uma forma diferente, saciar um sentimento
que grita desesperado dentro do meu peito.
Daqui um pouco a noite vai tomar conta de
tudo e eu sei que estarei nela por inteiro a
espera da madrugada, sei também que estarei só
como as nuvens desgarradas pelo céu.
O relógio ao meu lado obedece cegamente sua
incumbência e as horas passam com rapidez
insólita, se não bastasse faz questão de presentear-
me com um insolente e entendiante tiquetaque.
E o novo dia vem surgindo e com ele um
pesado cansaço ameaça prostrar-me obrigando
a provar uma atonia geral, afinal o que fazer
esperando por um amor que não se tem...