ILUSÃO
A ilusão não são teus olhos avante no rio sonoro,
não são tuas palavras chuvosas raiando a noite escandalosa,
os passos entrecortados da multidão a galope enchendo de rumores a areia da praia,
tampouco é a face oposta que te mira no fundo da água sonhando um abraço;
A ilusão não pode ser essa violência dos copos quebrados
que jogados ao alto não criaram asas morrendo num instante sem trégua,
a ilusão não pode ser estrelas que só duram uma noite assustando a escuridão de anos terríveis,
nem a dor estampada pelas frestas de rugas e rudes cicatrizes;
a ilusão não será um poema percorrendo teu corpo enquanto dormes sem sequer saber deste quadro indefinível que te pintam,
a ilusão não será a lenta primeira hora da solidão atemporal que em ponteiros perdidos se esquece que não é bem vinda;
A ilusão é teu nome me dando coragem.