Quero me dar. Podem julgar
Quero me dar. Podem julgar
a mim livretos de autoajuda
famosos. Eu, quero me dar.
Talvez esteja, assim, biruta,
ou já padeça, a caducar,
mas nesta terra de labuta
só sei que eu quero a alguém me dar.
Pois quero dar. Dar meu carinho,
dar, e viver em servidão,
e dar, e dar o meu destino,
e dar, e dar a minha mão.
Dirão ainda sou menino,
mas quero dar meu coração,
e sem temer este caminho
vou semelhante a Abraão.
Só quero dar. Pois nenhum vivo,
ao fim da vida, percebeu
que existe outro imperativo
exceto aquele a que se deu.
Desejo ativo, ser passivo,
e me aceitar um vil plebeu;
porque me dar é normativo;
e outro estilo não é o meu.
Pois me dar todo, sem ressalva,
e dar do jeito que escolhi,
assim me escapo desta jaula,
a liberdade em que nasci!
31/12/2017