Entre o sonho e o amor
A poesia vai esmolando saudade em mim…
Despertando do sonho o que talvez tenha sido uma ilusão…
Lembro-me daquela menina que corrida a mendigar uma história de amor
e abraçava surrealmente com a delicadeza da amante que foi!
Espreitávamos os sonetos…e os sonetos davam-lhe licença para ficar nua.
Desafiámos leves arrepios ao nos refrescarmos nas águas,
depois foi de vez, mergulhamos nas metáforas e ela foi espojando-se em aldravias,
e o vento que vinha de lá das profundezas do desejo trazia pecados eróticos.
Sentimos desejos de dar um beijo na carne molhada e lembramo-nos logo
de todos os beijos fechando os olhos cegos do mau pensamento, era meia noite ao entramos na intemporalidade…
Ela ainda abanou a fronte para lhe fugir o pecado, mas os lábios quentes já haviam beijado a mão, e depoisa testa... tudo... e depois de tudo as faces e depois a boca e depois... voamos... voamos sem regras ... como moinhos descontrolados…
…mãos alheias a desapertarem ligas e o corpete empapados pelos braçados de tesão, buscando tudo que seja pecado!
Lembro-me que depois de fazermos amor lhe perguntava se vira por acaso uma borboleta branca a voar a muito, uma borboleta muito bonita!
Sorria deitada entre pastos dourados e dizia que não, que não tinha visto, mas nunca desisti de procurar, no sonho, nos sorrisos, e até mesmo por debaixo do vestido.
Como desejava poder beijar a linda borboleta de novo!
Teria a borboleta branca fugido para dentro dela?