O TEU PERFUME
Que saudades me sobram do perfume
Que te roubei nos tempos de menino,
Gostaria que as paredes onde eu vivo,
Tivessem aromas quentes como lume.
Viver assim com o cheiro do perfume
Que egoista eu te conquistei, duelos
Ganhos e perdidos no amor de duetos,
Que o tempo nos sequestrou amiúde.
O teu perfume é celestial e sensível,
Como a pele do tempo que arrepia,
Quando por mim passa, à revelia,
Para um futuro breve, imprevisível.
Esse teu perfume foi sequestrado
Pelo vento que mo levou um dia
Pela corrente veloz da minha vida,
Que impetuosa caminha pro mar.
Vou pedir às amigas andorinhas
Que me tragam nos seus bicos
E nas asas o perfume que fugiu
E me deixou correr sérios perigos.
O teu perfume ficará bem colado
Às paredes do meu quarto, com
As boas memórias do passado
Que deixam marcas do teu tom.
Ruy Serrano - 27.12.2017