Tranque a porta ao entrar

Timidamente me recolhia, escondendo atrás das cortinas, espreitando as frestas das janelas.

Na iminência da proximidade, sorrateiramente me entranhava entre as cobertas e ficava ali, atenciosamente, prendendo a respiração ofegante, esperando retornar ao conforto da minha solidão.

Novamente sozinho, pensava ter recuperado minha liberdade, antes ameaçada, mas logo percebia que o estar sozinho não era liberdade e sim solidão.

Só, eu não queria estar.

Impulsivamente eu emergia daquelas cobertas, que serviam de refúgio e, ainda ofegante, abria as cortinas atrás das quais antes havia me escondido.

Escancarava as janelas, deixando o ar e sol invadir aquele quarto e, ansiosamente, pedia para você voltar pela porta entreaberta.

E trancá-la ao entrar.