LOUCO PARA UMA FOLIA
Hoje amo de jeito diferente.
Sem sobressaltos, nem diligências noturnas.
Sem ganância, nem receio de emboscada.
Amo mais sereno, desarmado, desnudo diria.
Amo sem rebarba, sem atalho, sem cilada.
Amo sem trombetas, sem fogaréus,
sem escarcéu, sem aplausos.
Amo mais destilado, mais decantado,
talvez mais amado, quem sabe.
Meu amor não falseia mais, não se joga mais
de precipício, não revira mais minhas almas como antes.
Meu amor ficou requentado,
esperando alguém trazer o pão.
Meu amor virou limbo, ficou lastro,
estacionou na vaga que tinha
e lá ficou.
Meu amor não se cansa mais,
nem deságua em bueiros inimigos.
Meu amor se esqueceu que tinha fecho,
que tinha bolsos, que tinha fome.
Meu amor está menos viril, menos pegajoso,
menos esfomeado, menos rasante.
Tenho hoje um amor destravado,
com armas emperradas,
com gritos banidos para nunca mais.
Meu amor agora não teme a morte,
não teme a sombra, não teme o medo.
Meu amor virou fuligem, virou bojo.
virou aldeia.
Aqueles cheiros difusos, aquelas talas doloridas,
aqueles punhais mambembes,
nunca mais.
Aquelas reviravoltas no meio da madrugada,
aqueles nefastos engasgos de tantas horas,
aquelas chicotadas anônimas,
nunca mais.
Meu amor agora é suave gozo,
descarado e louco para uma folia,
até não se aguentar mais.
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