Se um dia…
Se um dia eu fosse o teu olhar ao ver-te no espelho queria
o teu desejo de sereia que atravessa toda a maré em mim
que com a língua em meus beijos adormeces sem sossego
da noite que nos transforma em amantes de lume cortante
como a navalha que assassina a solidão e a saudade…
Entregaria o meu amor nas asas do Albatroz mensageiro
ao sabor do veleiro que nos cruza pelas ousadas madrugadas
na esperança de ter mais que saudade no fundo das algibeiras
quero ter o nada se nada de ti possui e tudo partilho no sonho
sabendo que fazemos amor na noite doutros corpos inocentes
mergulhando sem ferir o fundo de ardente lava do beijo de amor.
Galopava sem descanso nos cavalos-marinhos extasiados
pelo cio das fêmeas como os gatos que revoltam as telhas
dos sonhos e fábulas de amor que Galileu eternizou nas ilusões
que guardo a sete chaves de ouro na insónia solta aos ventos
que espalho em saliva entre tuas pernas pela demorada noite
onde deambulo nos recantos sedutores e lunares do teu corpo…
Se um dia fosses o meu olhar verias o fundo escaldante de ti
com suas raízes profundas dos carvalhos que plantamos no coração
e querer-me ias chegar à boca as essências que os lábios haviam esquecido
abraçada à felicidade o Albatroz dava-te o leme do nosso barco
que imaginei a navegar na paixão quando fui o teu olhar…