MEU ÚTERO MAIS AQUECIDO
Dá gosto falar do amor
não daquele amor insosso, remido,
mas do amor vasto, aprumado, de raízes sorridentes.
Dá gosto mergulhar num amor
bem distante daquele amor corcunda, sovina,
que só presta para enjoar o gosto de estar aqui.
Dá gosto não se esquivar do amor
não daquele amor obeso, de respirar trêmulo,
mas um amor aconchego, que faz valer
cada vão dos nossos ossos.
Dá gosto sorrir para o amor
bem diferente daquele amor descabelado
que faz perder encantos sagrados,
que estão lá só para cirandar nossa alma
até sempre.
Dá gosto perambular pelo amor
não naquele amor encurralado,
mas num amor escancarado, de sangue bom
feito pra nos fazer virar gente de novo.
Dá gosto se atracar num amor
bem diferente daquele amor bruto,
que perdeu suas rédeas num vazio qualquer.
Dá gosto morrer por um amor
não um amor meia-boca, esquivado, escasso,
mas um amor recompensado,
cheiroso, esperado, entretido pelas palavras nunca ditas,
imenso das coisas lindas que a vida faz ser,
pleno das coisas mais lindas
que o tempo fará brotar do seu útero mais aquecido.
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