Cadeira vazia
Há uma cadeira vazia
do outro lado da mesa
onde ele deveria sentar
aonde quer que ele esteja
A madeira escura bem trabalhada
de árvores centenárias
que viajam por todas as cidades
e passam por todas as estradas
E assim adentram as fábricas
onde tem suas vidas usadas
viram quadros, móveis e fachadas
viram tudo a que árvores estão fadadas
viram cadeiras em restaurante lotados
viram camas de casais apaixonados
viram mesas separando vidas
viram símbolos de uniões e despedida
e como símbolos já não são o verde
e deixam de ser tudo aquilo que foram
as ex arvores de copas exuberantes
coadjuvantes de histórias de amantes
como a cadeira no restaurante lotado
onde deveria se encontrar o amor
para a fuga ao fim do trabalho
e mesmo assim, ele nunca chegou
e sua garota espera sentada
com a taça vazia do vinho que bebeu
esperando o homem que dizia que a amava
encarando a arvore, que como o amor, já morreu