Sem o Amor
Eu, que de mim vejo mais nada.
Um carcaça velha, escorraçada,
Deitada, livre, abandonada.
Eu já quase não recito versos,
Quando os faço, são dispersos
E sem vontade de voar.
Eu que dom nenhum mais tenho,
Não sou engrenagem de engenho,
Tenho nada a acrescentar.
Eu que já fui muito, hoje sou nada.
Minha casa hoje é a calçada,
Suja e dura, posta a pisar.
É falta do tal amor!
É a falta que ele me faz.
Eu só queria um pouco de paz,
Mas ele foi embora e nunca mais
Deu algum indício de que irá voltar.
Eu o mandei embora sem me despedir,
Mas me acostumei a tê-lo aqui
Pra me encantar e inspirar.
Amor, cadê você?
Não me queima mais o peito,
Não tira minha razão,
Não atropela meus direitos,
Não me deixa louco
Para gritar meus versos.
Amor! Volta. Eu te peço.
Esse vazio é grande demais.
Amor, eu volto atrás!
Retiro as rimas doloridas,
Ponho peças coloridas,
Canto canções e muito mais.
Amor, eu vou dormir.
Espero acordar de peito cheio,
Olhos brilhando e boca molhada,
Com o gosto do teu beijo,
Teu cheiro na minha barba,
Com um sorriso sem pudor
E seus olhos a me olhar.
Boa noite e vem me amar.
Walter Vieira da Rocha
19 de dezembro de 2017 às 17:25h