Tua morte é a minha morte
Meu amado
Transpiro gotas de sangue.
Lágrimas que meus poros choram por tua ausência.
Todo o meu corpo em revolta,
quer me levar a ti, contigo, ao teu calvário
que também é meu.
Sinto o que sentes e ouço teus gritos conturbados
no ábdito cárcere em que tentam conter
esse amor que nos transcende
e sei que podes ler minha dor
na brancura transparente da minha pele
lanhada pelo punhal de pura prata
cravejado de inveja com que me ferem a carne.
Essa distância e toda essa tortura
são flagelos que não conseguem desunir almas
que caminham juntas na imortalidade dos séculos.
Cada um dos teus gritos reafirma como canção aos meus ouvidos
a força do querer
com que sequer uma vez essa ignóbil criatura foi agraciada.
Reconheci-te pela undécima vez nas paredes do tempo
e nos desenhos a carvão que, em sequência, contam com singeleza
a história de nós dois, geração após geração,
encontro de almas abençoadas pelo dom de amar.
Tua morte é a minha morte.
Como posso viver, pássaro sem as asas dos teus poemas
e das canções que compões para mim, enquanto dedilhas tua guitarra?
Palpita meu coração porque não voaremos mais ao sabor do vento que guia nossos sonhos...
Tua morte é a minha morte, leva-me contigo.