"A Flor e o beija flor"
Ele tinha por definição de amor o incondicional.
Um sentimento que não pode ser tratado, conhecido como outro sentimento qualquer.
O amor para ele era tudo e ao mesmo tempo nada, um momento, um instante, algo que pulsa quando está presente, ativo, mas que não deve ser condicionado a nada.
Para ele o amor era sinônimo de liberdade, liberdade plena essencial, singular, paz.
Afastado do mundo, isolado por muitos anos, ele não conhecia o amor que o mundo pregava.
Foi nesse mundo que ele a conheceu, mas ela não conseguia compreender como pode o amor afastar e não unir.
O que ela não entendia era que justamente, o verdadeiro amor não poderia causar afastamento pelo fato de não haver divisão. O verdadeiro amor é indivisível e sendo assim não é possível o afastamento, ou seja, não existe distância, o longe é perto.
Mas o mundo em que ela vivia era outro mundo construído dentro do verdadeiro mundo, um mundo falso, condicionado por conceitos, um mundo que se transformou em depósitos de emoções que são manifestadas por sentimentos derivados do medo.
Embora ela o entende-se, não conseguia livrar-se das correntes que lhe aprisionavam em pensamentos de sua memória abarrotada de conceitos errôneos e que barravam o acesso à consciência primordial e singular dona de toda a verdade.
Eles estão afastados desde o dia em que a vida os separou, mas ele plantou a semente e sabe que ela está se tornando uma flor, e por ser um Beija Flor, ele espera ansioso o momento em que ambos se reencontrarão para compartilharem juntos momentos na fragrância do verdadeiro amor.