Alva rosa
E então fiz poesia a natureza.
Na terra quente plantei meu grão.
Mas, o Sol é furioso.
Descontente percebi que
flores não brotam em qualquer quintal!
Troquei o vazo a semente
e esperei a chuva de verão.
A transparente cortina de água
Deixava seu rasto de maneira tumultuada.
Porém, nada brotava.
Revoltada natureza,
nesta terra não nasce nada.
Era noite escura lá fora,
Todos riam e eu chorava.
Quando diante dos meus olhos...
...estava lá no canto a silhueta iluminada.
Floreceu no anoitecer
Na timidez da escuridão
Brilhante rosa branca no profundo verde cacto,
entre os espinhos, entre meus cacos.
Ah, flor de cacto,
descobri que és espécie rara.
Tenho aqui a vida presa,
sou prisioneira desta beleza.
E se floresces às onze e meia
Sento-me ao teu lado,
tu como cacto
E eu dama da noite.