No meio da tarde
"No meio da tarde
Invade, enobre-se
Esquece onde está
Não liga para aonde vai
Passa como um vento
Que traz de longe
Um perfume conhecido
E que sentido há em sentido ter?
É o perfume adocicado que ela não sente
É o perfume da pele que ela mal reconhece de si mesma.
Esteve na mão dela,
Misturado com o estranho álcool gel
Mas não acorbertado
E de todo percebido
Era o que ela era e ele nunca havia sentido
Nunca havia provado
Nunca imaginado
E então como seria esquecido?
Foi ali no meio tarde
Que os lábios foram contornados por um dedo trêmulo
Os olhares foram preenchidos
E no silêncio
O que havia?
E no silêncio
O que há?
Hoje há pensamentos
Há um sorriso, há respirar;
Assim no meio da tarde
Simplesmente
Há alguém pra quem voltar."