No meio da tarde

"No meio da tarde

Invade, enobre-se

Esquece onde está

Não liga para aonde vai

Passa como um vento

Que traz de longe

Um perfume conhecido

E que sentido há em sentido ter?

É o perfume adocicado que ela não sente

É o perfume da pele que ela mal reconhece de si mesma.

Esteve na mão dela,

Misturado com o estranho álcool gel

Mas não acorbertado

E de todo percebido

Era o que ela era e ele nunca havia sentido

Nunca havia provado

Nunca imaginado

E então como seria esquecido?

Foi ali no meio tarde

Que os lábios foram contornados por um dedo trêmulo

Os olhares foram preenchidos

E no silêncio

O que havia?

E no silêncio

O que há?

Hoje há pensamentos

Há um sorriso, há respirar;

Assim no meio da tarde

Simplesmente

Há alguém pra quem voltar."

Leandro Sales
Enviado por Leandro Sales em 29/11/2017
Código do texto: T6185574
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