Amo-te
Quando posso amar neste íntimo abandono,
onde respiro o doce odor da suave pele de moçoila…
Na auréola da insanidade de te julgares outono
És o sonho de ser éden indolente na realidade fértil
da terra mãe que tanto amo.
Mulher cujo olhar honesto sangra no papel poesias e quadras.
Quando posso amar neste íntimo abandono
Onde respiro o teu perfume comprado no mercado de sexta-feira.
Vejo um porto incolor cheio de caravelas
e nenhuma vai zarpar até ti.
É o perfume a tamarindo das sereias audazes
que circula no velho cais esculpido de mexilhões.
Quando te posso amar neste íntimo abandono?
Gostavas de tragar o oceano inteiro,
Perdoem-me as cruéis Sereias!
Cruéis e egoístas por lembrarem este íntimo abandono que vivo.
Sentado no cais retrato a carvão histórias de amor!
Onde os teus olhos de lume intimidam as gambiarras
das barracas da feira! Que cheiro é esse?
Perdoa-me se fui insolente! Sonhar-te nua
não é quer provocar a perdição das almas.
É que esta distância é um monstro surdo e cego
que exaure o pouco de razão que vai em mim!
A poesia não sente pudor…o pejo não a maltrata,
os espelhos são-lhe infiéis…desnudando-a!
A grandeza e beleza do mal em te querer amar são oceânicas.
Meu Pai…minha Mãe.
Obrigado por me darem a capacidade de amar!
Quando posso neste íntimo abandono…
…Sem ignomínia para com a poesia …te amar!