Mata-borrão

Da greta escancarada

Da bocarra

Em queda e desbragada catarata

Em que também os olhos se derramam

Com o espanto da queda fascinada

Até que a cacimba

Olho d'água

Em mim repara

E da sedenta catadupa a sede entende

E nem bem se lisonjeia ou repreende

Já se mudaram as águas de exangue em sangue

Não faço por mal

Eu juro

Se do bom proceder descuro

E no escuro retinto da pele

Semi-oculto em algodão acrisolado

Os olhos me viajam patifes e peraltas

Será que viu mesmo?

Que impressão lhe fiz?

Dessa sede que me arrebenta

Mata-borrão?

Borrão mata!

Não existe possível absorção

Ah! minha débil e anêmica carne burocrática...

João Antonio Heinisch
Enviado por João Antonio Heinisch em 24/11/2017
Código do texto: T6181405
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