Gotas de amor, girassol
Mares de sal, beijo floral
Pra falar nesse tempo, qual?
Do ventre exposto ao sol
Das flores postas do postal
Quantas caras nesse jornal
Foi quando a sede chamou
Pra acordar nosso amor
Fiz um tema na mão dela


Eu e Ela
- Vander Lee











Oh! Minha princesa vestida em armadura reluzente neste mundo relutante, por que demoraste? Quantos dragões tiveras tu que derrotar? Quantas guerras santas se apressou em vencer?

Dizei-me qual o tamanho dos oceanos de tempo que tiveste de atravessar até o encontro deste momento sublime de tão solene, o qual nem mesmo a lua e o sol tiveram coragem de recusar sua presença? Fala-me o que vistes nessa caminhada de mil vidas costuradas sobre o cansaço dessas pernas.

Diz-me qual e quantas cores do caminho celeste infinito vistes com esses olhos de brilho sereno, aquele caminho qual nenhum mortal entendido de sua impotência ousou conceber, nem mesmo em seus sonhos mais desejosos.

Depois de tudo estais aqui, vinda da grande jornada que tu mesmo julgava sem fim. Mesmo que esse nosso momento de derradeiro encontro dure apenas a fração de um bater rápido das asas de uma borboleta quero sinta a inteira extensão da infinita força do amor deste mortal. Sei que serei absolutamente grato por este tempo do mesmo jeito. Pois sei da agonia de nunca chegar e do padecimento de sempre esperar, da dúvida vil, do cansaço presente, do desespero traiçoeiro e da solidão atroz.

Teu corpo sentiu tudo isso e mesmo assim avançou e lutou, lutou tão bravamente que de frente a mim vejo tantas cicatrizes que nem mais consigo contar. Elas são profundas e sei que muitas estão ainda dentro de ti, daquilo que és e sempre será.

Nem mesmo tua armadura está completa, faltam pedaços e sobram feridas, tua espada e capa não estão mais inteiras. Sobre teu pequeno corpo o sangue de teus adversários brilha junto ao teu, tal como um guerreiro saindo de uma grande batalha onde se luta pela própria existência. E mesmo diante de tudo que passaste teu lindo sorriso estampa o rosto sujo e surrado da mulher que amo e sempre amei.

A única coisa que preciso aqui é de tua presença, mesmo que nem eu nem o universo tenham muito tempo apenas eu me importo, pois quero tua companhia como minha última e esperada glória. Antes de tudo se tornar nada e o alvorecer de nosso tempo tornar-se o crepúsculo final do mundo.

O último pedido é um beijo, que tu me dás de muito bom grado. Ele parece ser simples e rápido, porém o universo acaba ali nos lábios de quem amo. A luz e a vida param, o som se extingue, cores e estrelas morrem, tudo se desfaz e começa a deixar de ser o que é.

Mesmo assim não me importo, pois aquele último beijo acontece. A sensação é boa e me acalma enquanto a realidade se desespera e cai de joelhos pedindo a clemência de uma nova chance.

O beijo termina, mal posso ver-te, não há mais cores nem cicatrizes, quase tudo é confuso, etéreo. Mais ainda vejo teus lábios que tentam falar sem som algum entre nós. Vejo eles dizerem: " - Eu te amo."

Minha consciência treme e começa a sumir. Não consigo responder, porém penso alto, e pelo brilho de teu sorriso sei que entendes. Eu também sorrio e penso com o último pensamento que tenho antes do fim inevitável:


 

"Valeu a pena esperar."










 

Jeff Silva
Enviado por Jeff Silva em 23/11/2017
Reeditado em 14/10/2024
Código do texto: T6179713
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